Fernando
Sabino, escritor, jornalista e editor brasileiro, considerado um dos mais
importantes cronistas brasileiros.
Fernando Tavares Sabino nasceu em Belo
Horizonte, no dia 12 de outubro de 1923. Sua primeira publicação, uma história
policial, aconteceu na revista Argus, da polícia de Minas Gerais. Escritor
precoce, a partir dos doze anos, escreveu textos, artigos, contos e crônicas
para as revistas Alterosa e Belo Horizonte. Estimulado
pela família e com muito empenho pessoal, ganha vários concursos de crônicas e
contos. No concurso da revista Boa Nova tinha em sua banca julgadora nada mais
que Carlos Drummond de Andrade. Esportista, nadador do Minas Tênis Clube, foi recordista de nado de
costas, sua especialidade, e campeão sul-americano em 1939. Ficou em
segundo lugar na Maratona Nacional de Português e Gramática Histórica, empatado
com Hélio Pellegrino. Aos 18 anos publica seu primeiro
livro de contos “Os Grilos Não Cantam Mais”, ano em que ingressa na Faculdade
de Direito de Minas Gerais e inicia, correspondência com o escritor
paulista Mário de Andrade, que dura três anos, face a morte
de Mário. As cartas estão no
livro “Cartas a um jovem escritor e suas respostas”. No ano de 1942, trabalha na Secretaria de
Finanças de Minas Gerais e dá aulas de Língua Portuguesa no Instituto Padre
Machado. Estagia, por três meses, no Quartel de Cavalaria de Juiz de Fora, sua
experiência pessoal rende episódios cômicos para o livro "O Grande Mentecapto".
Conheceu e conviveu com Marques
Rebêlo, Guilhermino César e João Etienne Filho. E formou,
com Hélio Pellegrino, Otto
Lara Resende e Paulo Mendes Campos, um grupo literário,
apelidado por Etienne, de "Grupo dos Vintanistas", em razão todos terem em torno
de vinte anos, grupo que discutia literatura e faziam passeios boêmios pelas
noites de Belo Horizonte, e que serviu de inspiração para a obra “O Encontro Marcado”.
Ao se mudar em 1944 para o Rio de Janeiro, como colaborador regular do
jornal Correio da Manhã, conheceu Vinicius de Moraes, e se tornam amigos, neste
mesmo ano publicou sua segunda obra, a novela “A marca”. No ano seguinte,
conheceu a escritora Clarice
Lispector, ficam amigos e mais tarde, correspondentes. O escritor morou
em Nova
Iorque, exerceu a função burocrática no consulado brasileiro, com sua
primeira esposa Helena Valladares Sabino e a primogênita Eliana
Sabino. Nesse período, conheceu o compositor Jayme
Ovalle. Continuou a enviar crônicas para o Diário
Carioca e O Jornal. As crônicas reunidas do período foram publicadas
na obra “A cidade vazia”. No mesmo período, Sabino escreve “Os movimentos
simulados” e esboços das obras “O encontro marcado” (1956) e “O Grande Mentecapto” (1979), que lhe rendeu o Prêmio Jabuti, sendo
adaptado para o cinema e teatro. Com o retorno ao Brasil, no Rio, em 1948,
além de atuar como escrivão da vara de Órfãos e Sucessões colaborou
com o “Jornal do Brasil”, e publica “O Homem Nu” (1960) e “A Mulher do Vizinho”
(1962). Funda, em 1960, a Editora
do Autor, em parceria com Rubem Braga, na qual publica nomes importantes da
literatura brasileira e latino-americana e com o livro “A Revolução dos Jovens
Iluminados” inaugura a editora, ano em que Fernando Sabino vai para Cuba, como
correspondente do Jornal do Brasil e faz reportagem sobre a revolução cubana.
Em 1964, muda-se para Londres, durante o governo João Goulart, contratado
para exercer as funções de Adido Cultural junto à Embaixada do Brasil em
Londres. Colabora na BBC e com as revistas Manchete e Claudia.
Desliga-se da editora em 1966, e funda a Editora
Sabiá. Em 1973 funda a Bem-te-vi Filmes,
com David
Neves, e produz uma série de curtas-metragens com escritores brasileiros e
realizando, viagens ao exterior documentando eventos. Em 1975, após 16 anos de
colaboração, deixa o Jornal do Brasil. De 1977 a 1989, publica crônica
semanal sob o título de "Dito e Feito" no jornal "O Globo", sendo reproduzida no "Diário de Lisboa" e em outros 80 jornais.
Publicou “O Grande Mentecapto” em
1979, iniciado mais de trinta anos antes, e lhe rendeu o Prêmio
Jabuti, obra adaptada para o cinema, e para o teatro. Publicou em
1982, “O menino no espelho”. Em 1985, “A faca de dois gumes”. “O tabuleiro de damas”, uma obra autobiográfica publicou em 1989. Em 1991, publica “ Zélia, uma paixão”. Em
1996, sua obra foi Obra Reunida foi publicada em três volumes e em julho de 1999, recebeu da Academia Brasileira de Letras o prêmio Machado de Assis pelo conjunto
de sua obra. Em 2001, publicou “Livro aberto e Cartas perto do coração”. Em
2002, publicou “Cartas sobre a mesa” e, em 2004, publicou “Os
movimentos simulados”.
Em 11 de
outubro de 2004, às vésperas de completar seu 81º aniversário, Fernando Sabino
faleceu em sua casa em Ipanema no Rio de Janeiro, vítima de
câncer no fígado, e foi sepultado no Rio, no Cemitério
São João Batista, em cujo epitáfio, está escrito a seu pedido, o
seguinte: "Aqui jaz Fernando Sabino, que nasceu homem e morreu
menino!"
Suas obras:
Os grilos
não cantam mais - contos (1941 - Pongetti)
A
marca - novela (1944 - José Olympio)
A cidade
vazia - crônicas e histórias ( 1950 - NY)
A vida
real - novelas (1952, Editora A Noite)
Lugares
comuns - dicionário (1952, Record)
O encontro marcado - romance (1956,
Civilização Brasileira)
O homem nu - crônicas
(1960, Editora do Autor)
A mulher do vizinho -
crônicas (1962, Editora do Autor)
A
companheira de viagem - crônicas (1965, Editora do Autor)
A inglesa
deslumbrada - crônicas (1967, Sabiá)
Gente I e
Gente II (1975, Record)
Deixa o
Alfredo falar! - crônicas (1976, Record)
O Encontro
das Águas - (1977, Record)
O grande mentecapto - romance
(1979, Record)
A falta
que ela me faz - crônicas (1980, Record)
O menino
no espelho - romance (1982, Record)
O Gato Sou
Eu - crônicas (1983, Record)
Macacos me
mordam (1984, Record)
A vitória
da infância (1984, Editora Nacional)
A faca de
dois Gumes - novelas (1985, Record)
O Pintor
que pintou o sete (1987, Berlendis & Vertecchia)
Martini
Seco - romance (1987, Ática)
O
tabuleiro das damas - autobiografia literária (1988, Record)
De cabeça
para baixo - crônicas de viagens (1989, Record)
A volta
por cima - crônicas (1990, Record)
Zélia, uma
paixão - biografia (1991, Record)
O bom
ladrão - novela (1992, Ática)
Aqui
estamos todos nus (1993, Record)
Os restos
mortais (1993, Ática)
A nudez da
verdade (1994, Ática)
Com a
graça de Deus (1995, Record)
O outro
gume da faca - novela (1996, Ática)
Um corpo
de mulher (1997, Ática)
O homem
feito novela (originalmente publicada no volume A vida real 1998,
Ática)
Amor de
Capitu - recriação literária de Dom
Casmurro (1998, Ática)
No fim dá
certo - crônicas (1998, Record)
A chave do
enigma (1999, Record)
O galo
músico (1999, Record)
Cara ou
coroa? (2000, Ática)
Duas
novelas de amor - novelas (2000, Ática)
Livro
aberto - (2001, Record)
Cartas
perto do coração - correspondência com Clarice Lispector (2001, Record)
Comedias
Para se Ler na escola - conto (2001)
Cartas na
mesa - correspondência com Paulo Mendes Campos, Otto Lara Resende e Hélio
Pellegrino (2002. Record)
Os
caçadores de mentira (2003, Rocco)
Cartas a
um jovem escritor e suas respostas (2003, Record)
Os
movimentos simulados (2004, Record)
Bolofofos
e finifinos (2004, Ediouro)
O melhor
amigo – Crônicas
Prêmios:
Com o romance O
Grande Mentecapto, recebe o Prêmio Jabuti pela obra.
Recebe o Prêmio
Golfinho de Ouro na categoria de Literatura, concedido pelos Conselhos
Estaduais de Educação e Cultura do Rio de Janeiro.
Em 1985 é
condecorado com a Ordem do Rio Branco no grau de Grã-Cruz pelo governo
brasileiro.
Em 1989 o filme O
Grande Mentecapto é premiado no Festival Internacional de Gramado.
Algumas de
suas frases:
"De tudo, ficaram três coisas: a
certeza de que ele estava sempre começando, a certeza de que era preciso
continuar e a certeza de que seria interrompido antes de terminar. Fazer da
interrupção um caminho novo. Fazer da queda um passo de dança, do medo uma
escada, do sono uma ponte, da procura um encontro".
"Democracia é oportunizar a todos
o mesmo ponto de partida. Quanto ao ponto de chegada, depende de cada um."
"O otimista erra
tanto quanto o pessimista, mas não sofre por antecipação.
No fim tudo dá
certo, e se não deu certo é porque ainda não chegou ao fim.
Não posso
responsabilizar ninguém pelo destino que me dei. Como único responsável só eu
posso modificá-lo. E vou modificar."
Excelente!
ResponderExcluir