quinta-feira, 29 de agosto de 2019

Tarsila do Amaral


Tarsila do Amaral é a nossa homenageada do mês. Nasceu no dia 1 de setembro de 1886, na Fazenda São Bernardo, no município de Capivari, interior de São Paulo. Residiu com os sete irmãos em duas fazendas de café, de seus pais José Estanislau do Amaral e Lydia Dias de Aguiar do Amaral. Adolescente foi para a capital, onde estudou no Colégio Sion. Em Barcelona completou seus estudos.

Aos 16 anos, pintou seu primeiro quadro: Sagrado Coração de Jesus. Aos vinte, casou-se com o médico André Teixeira Pinto, nascendo sua única filha, Dulce. Com o escultor Zadig, tem aulas de desenho e pintura no ateliê de Pedro Alexandrino, conhecendo a pintora Anita Malfatti. Divorciou-se indo estudar em Paris na Académie Julien com Émile Renard. Em 1922, ano da Semana de Arte Moderna, no “Salão Oficial dos Artistas da França” inicia um relacionamento com o escritor modernista Oswald de Andrade, O poeta Blaise Cendrars, apresentou a Tarsila, pintores como Picasso, o casal Delaunay, escritores, como Jean Cocteau, escultores como Brancusi, e os músicos Stravinsky e Eric Satie. Ao estudar com Fernand Léger, ao mostrar a tela “A Negra”, o impressiona, sendo influência do tempo que Tarsila as via cuidar dela e das demais crianças. Esta tela  a faz entrar para a história da arte moderna brasileira. Amiga dos brasileiros residentes na França: o compositor Villa Lobos, o pintor Di Cavalcanti e os mecenas Paulo Prado e Olívia Guedes Penteado, dentre outros, oferecia almoços em seu ateliê, servindo feijoada e caipirinha, vestindo modelos dos melhores costureiros da época, como Paul Poiret e Jean Patou. Em um jantar em homenagem a Santos Dumont, que um casaco vermelho chamou a atenção de todos por sua beleza e elegância, a inspirando pintar seu autorretrato ‘Manteau Rouge’ em 1923. 

Em 1926, tem sua primeira Exposição individual em Paris, com crítica bem favorável. Casa-se com Oswald de Andrade e no Brasil passa longas temporadas na fazenda onde recebiam os amigos modernistas. Em janeiro de 1928, dá de presente de aniversário a Oswald de Andrade o quadro batizado de Abaporu. Significando antropófago, surge  o Manifesto Antropófago e o Movimento Antropofágico, sendo a figura do 

Abaporu o símbolo do Movimento com o sentido de deglutir, engolir, a cultura europeia, que era a cultura da época, valorizando a do nosso país. 
Surge o “Grupo dos Cinco”formado por Tarsila, Oswald de Andrade, Anita Malfatti, Mário de Andrade e Menotti del Picchia, para  mudar tal cenário histórico-cultural. Em 1929,  sua primeira Exposição Individual no Brasil, tem a crítica dividida, mas, foi a crise da bolsa de Nova Iorque e a crise do café no Brasil, que fez toda a divisão em sua vida. Seu pai teve as fazendas hipotecadas. Tarsila,  separou-se de Oswald de Andrad, por traí-la com a estudante de 18 anos Patrícia Galvão, conhecida como Pagu. Não restou-lhe a entrega mais ainda do trabalho no mundo artístico.  

Ocupando o cargo de conservadora da Pinacoteca do Estado de São Paulo, organiza o catálogo da coleção do primeiro museu de arte paulista, mas, a ditadura Vargas, e a queda de Júlio Prestes, perdeu o cargo.  Para  poder viajar a União Soviética com seu novo marido, o psiquiatra paraibano Dr. Osório César, que a faz se adaptar às diferentes formas de pensamento político e social, Tarsila em 1931 vendeu alguns quadros de sua coleção particular. 

Em Paris, Tarsila sensibilizou-se com os problemas da classe operária, mas, sem dinheiro, trabalhou como operária de construção, pintora de paredes e portas, até conseguir o necessário para voltar ao Brasil. 

Na terra Natal,  participa de reuniões políticas de esquerda e é considerada suspeita e presa, acusada de subversão.
Em 1933, a partir do quadro, “Operários”, a artista inicia uma fase de temática mais social. Com o escritor Luis Martins, vinte anos mais jovem, torna-se seu companheiro constante, primeiro de pinturas, depois da vida sentimental.

Trabalhou como colunista nos Diários Associados do seu amigo Assis Chateaubriand de 1936 até meados dos anos 50. Em 1950, ela voltou com a temática do Pau Brasil, utilizando cores vivas e diversas,  com a tela ‘Fazenda’,  ‘Vilarejo com ponte e mamoeiro´, ´Povoação I´ e ´Porto I´. Em 1949, sua única neta Beatriz morreu afogada, tentando salvar uma amiga, que também faleceu,  em um lago em Petrópolis.
Participou da I Bienal de São Paulo em 1951, teve sala especial na VII Bienal de São Paulo, e participou da Bienal de Veneza em 1964.

Em 1965, já separada de Luís e vivendo sozinha, é submetida a uma cirurgia de coluna, e um erro médico a deixou paralítica permanecendo em cadeira de rodas até seus últimos dias.
Em 1966, Tarsila perdeu sua única filha, Dulce, face a diabetes. Nesses tempos difíceis, e pela dor, se volta para o espiritismo. Vende seus quadros, doando parte do dinheiro obtido a uma instituição administrada por Chico Xavier, de quem se torna amiga, quando de passagem por São Paulo sempre a visitava, e ambos mantiveram correspondência. 

Em 1969, com curadoria de Aracy Amaral apresentada ao público sua Retrospectiva “Tarsila, 50 anos de pintura”, no MAM-RJ e MAC-SP, mas devido a depressão, Tarsila do Amaral,  artista-símbolo do modernismo brasileiro, faleceu no Hospital da Beneficência Portuguesa, em São Paulo, em 17 de janeiro de 1973, e foi enterrada no Cemitério da Consolação de vestido branco, conforme seu desejo.

Tarsila foi uma modernista, que pintou o Brasil em cores vivas, desrespeitando normas clássicas da pintura tradicional, com cores, muitas cores e conseguiu traduzir nestas cores vibrantes todas as sombras de um país. 

Suas obras teve influência do cubismo (uso de formas geométricas). Abordagem de temas sociais, cotidianos e paisagens do Brasil. Estética fora do padrão (influência do surrealismo na fase antropofágica).

Pátio com Coração de Jesus (Ilha de Wright) - 1921
A Espanhola (Paquita) - 1922
Chapéu Azul - 1922
Margaridas de Mário de Andrade - 1922
Árvore - 1922
O Passaporte (Portrait de femme) - 1922
Retrato de Oswald de Andrade - 1922
Retrato de Mário de Andrade - 1922
Estudo (Nu) - 1923
Manteau Rouge - 1923
Rio de Janeiro - 1923
A Negra - 1923
Caipirinha - 1923
Estudo (La Tasse) - 1923
Figura em Azul (Fundo com laranjas) - 1923
Natureza-morta com relógios - 1923
O Modelo - 1923
Pont Neuf - 1923
Rio de Janeiro - 1923
Retrato azul (Sérgio Milliet) - 1923
Retrato de Oswald de Andrade - 1923
Autorretrato - 1924
São Paulo (Gazo) - 1924
A Cuca - 1924
São Paulo - 1924
São Paulo (Gazo) - 1924
A Feira I - 1924
Morro da Favela - 1924
Carnaval em Madureira - 1924
Anjos - 1924
EFCB (Estrada de Ferro Central do Brasil) - 1924
O Pescador - 1925
A Família - 1925
Vendedor de Frutas - 1925
Paisagem com Touro I - 1925
A Gare - 1925
O Mamoeiro - 1925
A Feira II - 1925
Lagoa Santa - 1925
Palmeiras - 1925
Romance - 1925
Sagrado Coração de Jesus I - 1926
Religião Brasileira I - 1927
Manacá - 1927
Pastoral - 1927
A Boneca - 1928
O Sono - 1928
O Lago - 1928
Calmaria I - 1928
Distância - 1928
O Sapo - 1928
O Touro - 1928
O Ovo (Urutu) - 1928
A Lua - 1928
Abaporu - 1928
Cartão Postal - 1928
Antropofagia - 1929
Calmaria II - 1929
Cidade (A Rua) - 1929
Floresta - 1929
Sol Poente - 1929
Idílio - 1929
Distância - 1929
Retrato do Padre Bento - 1931
Operários - 1933
Segunda Classe - 1933
Crianças (Orfanato) - 1935/1949
Costureiras - 1936/1950
Altar (Reza) - 1939
O Casamento - 1940
Procissão - 1941
Terra - 1943
Primavera - 1946
Estratosfera - 1947
Praia - 1947
Fazenda - 1950
Porto I - 1953
Procissão(Painel) - 1954
Batizado de Macunaíma - 1956
A Metrópole - 1958
Passagem de nível III - 1965
Porto II - 1966
Religião Brasileira IV – 1970


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