segunda-feira, 2 de setembro de 2019

Álvares de Azevedo




Manuel Antônio Álvares de Azevedo, considerado o maior representante do ultra-romantismo, escritor, poeta,
contista, dramaturgo e ensaísta, nasceu em 12 de setembro de 1831,em São Paulo. Neste mesmo ano a família mudou-se para o Rio de Janeiro.Em 1835, vivenciou a morte de seu
irmão, ainda um bebê, o que marcou muito sua vida de forma triste enegativa. Em 1847, aos 17 anos, matriculou-se na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, 
ao mesmo tempo começou a escrever seus primeiros textos, e não concluiuo curso de Direito, se dedicandointegralmente à arte da escrita.
Em 1849 fundou a “Revista Mensal da Sociedade Ensaio Filosófico Paulistana”.
Em 1851 sofreu uma queda de cavalo,surgindo um tumor na fossa ilíaca, 
e em consequência a tuberculose pulmonar. 
Sabedor do estado de saúde em que se encontrava, faz da morte sua 
principal inspiração. Parecia viver uma dualidade de sentimentos: 
ora é meigo e sentimental, ora é mordaz e trágico e, deste pessimismo, foi considerado
o responsável pelo “mal do século”, caracterizado pelo sentimento melancólico e pelo desencanto, como demonstra em 1851, em cartas à mãe, à irmã e aos amigos certificando-os do seu inevitável destino. 
Seu estilo e sua obra foram influenciadas pelos textos do poeta inglês George Gordon Byron (1788-1824), conhecido como  Lord Byron e pelo poeta, novelista e dramaturgo francês Alfred Louis Charles de Musset (1810-1857), conhecido como Musset, sendo fácil traçar um paralelo entre eles. Byron, por suas aventuras morais, 
distúrbios comportamentais, escândalos amorosos, além de traços autobiográficos, 
enquanto Musset, devido a malformação  congênita, consagrado pela medicina francesa,
e hoje por todo mundo, como “sinal de Musset”, sinal que surge em doentes com
insuficiência aórtica e que consiste num abaixamento rítmico da cabeça, 
sincrônico com os batimentos cardíacos, daí,  tinha consciência de suas debilidades, 
e que nunca iria superá-las. 
Álvares de Azevedo possuía este sentimento  do vazio da existência, além de um sentimento melancólico e do desencanto pela vida e  também quanto a realização do amor inatingível, posto que possível, seria a felicidade completa, 
também incorpora o sarcasmo, a ironia, e sua temática voltada à morte considerada como 
fuga da realidade conturbada que vivia e da relação com o mundo que o cercava, 
o qual lhe dava sensação de impotência, e desejou tanto a morte que morreu ainda jovem, 
aos 20 anos, em 25 de abril de 1852.

Álvares de Azevedo foi Patrono da Cadeira nº 2 da Academia Brasileira de Letras (ABL),
mas , a morte prematura, fez o poeta do Romantismo ter poucas publicações, embora 
bastante conhecidas, sendo sua produção literária publicada postumamente, além da
citadas temos:  Macário (1855), Poema do Frade (1862) e O Conde Lopo (1866).
Em o pemas “Lira dos Vinte Anos”, única obra que o poeta preparou para publicação, 
mas, somente publicada em 1853, apresenta cenários escuros e personagens desolados 
com a vida que vêm no amor idealizado a solução para todos os males. Tal projeto
não se realizou por completo, pois, a ideia seria a publicação chamada “As Três Liras”,
criado em parceria com os amigos e escritores mineiros Bernardo Guimarães
(1825-1884) e Aureliano Lessa (1828-1861).

Em frente do meu leito, em negro quadro,
A minha amante dorme. É uma estampa
De bela adormecida. A rósea face
Parece em visos de um amor lascivo
De fogos vagabundos acender-se...
E como a nívea mão recata o seio...
Oh! quantas vezes, ideal mimoso,
Não encheste minh’alma de ventura,
Quando louco, sedento e arquejante
Meus tristes lábios imprimi ardentes
No poento vidro que te guarda o sono!

Em a “Noite na Taverna”, uma antologia 
de contos, Álvares de Azevedo, apresenta 
cenários escuros e personagens desolados
 com a vida, que vêm no amor idealizado 
a solução para todos os males, em uma 
narrativa construída em sete partes, em 
que cinco: Solfieri, Bertram, Gennaro, 
Claudius Hermann e Johann amigos decidem
 narrar suas histórias de amor, tão 
intensas quanto loucas e inconsequentes,
 que nunca puderam esquecer.

Em “Lembrança de morrer”, escrito um mês
antes da morte do escritor, podemos
observar claramente a angústia e desejo
pela morte, encarada como fuga perante seus sentimentos:

Se viveu, foi por ti! e de esperança
De na vida gozar de teus amores.
Beijarei a verdade santa e nua,
Verei cristalizar-se o sonho amigo...
Ó minha virgem dos errantes sonhos,
Filha do céu, eu vou amar contigo!
Descansem o meu leito solitário
Na floresta dos homens esquecida,
À sombra de uma cruz, e escrevam nela:
Foi poeta - sonhou - e amou na vida.

Em “Se eu morresse amanhã”, a ele escreve 
um mês antes de sua morte, e foi lida no dia 
do seu enterro pelo literato Joaquim Manuel de 
Macedo (1820-1882).
Se eu morresse amanhã, viria ao menos
Fechar meus olhos minha triste irmã;
Minha mãe de saudades morreria
Se eu morresse amanhã!
Quanta glória pressinto em meu futuro!
Que aurora de porvir e que manhã!
Eu perdera chorando essas coroas
Se eu morresse amanhã!
Que sol! que céu azul! que doce n'alva
Acorda a natureza mais louçã!
Não me batera tanto amor no peito
Se eu morresse amanhã!
Mas essa dor da vida que devora
A ânsia de glória, o dolorido afã...
A dor no peito emudecera ao menos
Se eu morresse amanhã!

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