sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Família



            “Um homem não pode deixar ao
                      mundo  uma herança melhor
                              do que uma  família bem criada”
                                                                                                                         
                                                 Thomas Scott  




         Na vida encontramos situações, que envolvemo-nos sem perceber. Não sabia o que nos era exigido, talvez quem sabe, o que exigia de nós mesmos, parecia um sonho, quem sabe sonhávamos acordados!
         Imagens em minha mente de um grupo de pessoas que se conheciam bem, uns mais outros menos, grupo nem sempre unido, mas, que se reunia sempre naquelas residências que emolduravam aquelas imagens.

         Uma delas era a aquela velha casa do sítio no bairro  de Santíssimo, em que a minha mãe gostava de receber os familiares nos aniversários, o dela  era justamente no 24 de fevereiro,  e se deleitavam com os pratos dentre eles o nhoque, e das sobremesas com doces de batata doce roxa, abóbora com coco, laranja da terra, jenipapo, colhidos na hora, como as frutas, todas plantadas por meu pai, que se comia retirando dos pés: sapoti, jaca, abio, romã, lima da pérsia, manga, caju, jenipapo, cana e laranjas, estas, cultivadas na maior parte das terras.
         A outra residência, era o sobrado da Abolição, na Rua Engenheiro Nazareth, que meu avô comprara do ator Procópio Ferreira, onde parte do grupo residia e, outra passava temporadas, como nós, e cresci, junto aos primos, que durante o dia brincávamos em torno da casa e, à noite aguardávamos o sono ao som dos violões, e dos mais velhos trocando prosas, sentados em cadeiras na calçada, enquanto os namorados se encontravam no portão.
          Aquele grupo era uma família, a minha família!
          Crescendo pude depreender, que família era mais que o pai, a mãe e os filhos, eram os ideais, os sonhos, as lutas, os sofrimentos e as aspirações; a casa não era tão somente os  tijolos, os alicerces e os móveis,  a edificação material em si, era muito mais que isto, era o lar, e  lar o que é senão a renúncia, a dedicação e o zelo, de pessoas que se vinculam quer pelo sangue ou pela afeição.
          Mas, com o tempo, o grupo foi se afastando. Das novas uniões,  no ciclo da vida, uns chegavam, outros partiam.
          Justamente quando uma das tias partiu, despertou-nos  saber quem de nós poderia manter aquela nossa história, e que ela, até por ser a mais velha dos 17 irmâos de meu pai, pois, toda a família sabia que só, retivera tantas na memória.
         Ao contarmos aos primos, algumas que ela nos contara, percebemos que todos voltaram no tempo.
         Por coincidência lia a obra de Santo Agostinho, que viveu de 354 a 430 da era cristã, e vimos que já na sua época ele buscava entender  melhor a questão do tempo e, vaticinava:
         “—Se ninguém me perguntar, sobre o tempo eu sei a resposta, mas se quiserem que explique, já não sei. Se existem coisas futuras e passadas, quero saber onde  elas estão, pois, em qualquer parte em que estiverem, aí não são futuras, nem pretéritas, mas presentes.  Ainda que se narrem os acontecimentos verídicos já passados,  a memória relata não os próprios acontecimentos que já decorreram, mas sim as palavras concebidas pelas imagens daqueles fatos. Por conseguinte, a minha infância, que já não existe presentemente, existe no passado que já não é. Porém sua imagem, quando a evoco e se torna objeto de alguma descrição, vejo-a no tempo presente, porque ainda está em minha memória.”
         Pude entender então que tínhamos pela frente uma missão e embasados no lar, cabia-nos projetar  e reunir a família.
         Decodificando as imagens contidas na memória,  tentar voltar àqueles termpos de infância.
         E foi assim, que catalogando os nomes dos antepassados a partir do nossos avós paternos, chegamos a 150 membros da família,   projetando-se a reunião num I encontro da família, e num II editando-se o  “Álbum de Família”, e incluindo-se, por ter nascido na ocasião, entre as fotos, a do primeiro tataraneto na família.
         Missão cumprida!
         Aquele grupo era uma família, a nossa família!      


Texto modificado da introdução do Livro  "Álbum de Família"
Imagens - pintura a óleo do  autor


 casa de Santíssimo
  casa da Abolição (Cascadura)
                                                                                               


                       Até a próxima

2 comentários:

  1. Belo texto,
    Belo livro,
    Belas telas...

    Parabéns,mais uma vez!

    "Se tu amas uma flor que se acha numa estrela, é doce, de noite, olhar o céu. Todas as estrelas estão floridas."
    (Antoine de Saint-Exupéry)

    Beijão

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  2. Parabéns à esta avó maravilhosa e que o astral a presentei-e abundantemente!
    Amei suas duas telas mais significativas e que, oportunamente, ilustram esse belo post.

    Tudo de bom,
    querido!

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