quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Tributo a Portinari


         



        Neste fevereiro de 2012, faz 50 anos que Cândido Torquato Portinari deixava seu corpo físico, e para o mundo 5000 obras de arte e 30000 documentos.
      Infância humilde, primário incompleto, aos quatorze anos vê no convite de escultores italianos que restauravam igrejas da sua cidade, para ser ajudante, um estímulo para buscar o aprendizado na Escola Nacional de Belas Artes e que faria no ano seguinte, quando no Rio de Janeiro, matricula-se e por mérito, anos depois recebe o
prêmio que lhe dá direito a uma viagem à Europa.
     Indo residir em Paris, convive com artistas de renome e  conhece Maria Martinelli, uma uruguaia de 19 anos com quem  passaria o resto de sua vida.
        Saudoso de sua gente, retorna à pátria em 1931  e passa a retratar nas telas o povo brasileiro, e suas obras levam ao     reconhecimento no exterior, daí em diante são inúmeros os convites para expor,  não só na Europa, como no Museu de Arte Moderna de Nova York onde lhe compram a tela "O Morro", consolidando sua projeção nos EUA, além da Universidade de Chicago publicar o primeiro livro sobre o ele com o título "PORTINARI, HIS LIFE AND ART".
       Assim segue com as exposições, no salão Peuser, de Buenos Aires e nos salões da Comissão nacional de Belas Artes, de Montevidéu, com sucesso de público e crítica.
   No Brasil, se integra à elite intelectual, numa época em que se verifica notável mudança da atitude estética e na cultura do país, eram os tempos de "Arte Moderna".

  Entre uma viagem e outra,  realiza oito painéis conhecidos como Série Bíblica influenciado pela visão picassiana de Guernica, ainda sob o impacto da 2ª Guerra Mundial, pelos horrores da guerra produz as séries RETIRANTES e MENINOS DE BRODOSWKI, filia-se ao Partido Comunista Brasileiro e candidata-se a deputado, em 1945, e a senador, 1947. 
   A convite do arquiteto Oscar Niemeyer, inicia as obras de decoração do conjunto arquitetônico da Pampulha, em Belo Horizonte,  Minas Gerais, destacando-se o mural SÃO FRANCISCO e a VIA SACRA, na Igreja da Pampulha.
  Na Galerie Charpentier,  o governo francês, lhe confere a insígnia da Légion d'Honneur.
  Exilado no Uruguai, por motivos políticos, dá início da exploração dos temas históricos através da afirmação do muralismo, com o painel "A PRIMEIRA MISSA NO BRASIL", e o painel "TIRADENTES".
 Recebe a medalha de ouro concedida pelo Juri do Prêmio Internacional da Paz, reunido em Varsóvia.  
 Com a anistia geral, em 1951 volta ao Brasil, ano da I Bienal de São Paulo, expõe suas obras em sala particular, mas,  dá sinais de saúde debilitada.
 Realiza  painel com temática histórica, "A CHEGADA DA FAMÍLIA REAL PORTUGUESA À BAHIA" e trabalha duro durante quatro anos, para entregar os painéis "GUERRA E PAZ", que o Brasil oferece aos EUA medindo 14x10 m cada, o maior pintado por Portinari, e que se encontram no "hall" de entrada do edifício-sede da ONU, em Nova York.
  No período  recebe a medalha de ouro concedida pelo Internacional Fine-Arts Council de Nova York como o melhor pintor do ano de 1955.

 A convite do governo de Israel, expõe e executa desenhos inspirados no recém-criado Estado Israelense,  expõe em Bolonha, Lima, Buenos Aires e Rio de Janeiro  recebendo o Prêmio Guggenheim do Brasil, em Nova Iorque  recebe a Menção Honrosa no Concurso Internacional de Aquarela do Hallmark Art Award.

 Em 1958 é o único artista brasileiro a participar da exposição "50 ANOS DE ARTE MODERNA", no Palais des Beaux Arts, em Bruxelas.
 Como convidado de honra, expõe, contrariando os médicos, 39 obras em sala especial na I Bienal de Artes Plásticas da Cidade do México, e depois em Buenos Aires e na Galeria Wildenstein de Nova York e, participa da exposição COLEÇÃO DE ARTE INTERAMERICANA, do Museo de Bellas Artes de Caracas.
 Uma das causas que o debilita, são efeitos da intoxicação, em razão da química das próprias tintas que utilizou ao longo dos anos.
   Aos seis dias de fevereiro de 1962, suas mãos cingem indelevelmente o céu azul, deixando sobre a tela branca pincéis que inscreveram para a história o maior artista plástico brasileiro do século XX, quando se preparava para uma grande exposição de cerca de 200 obras a convite da Prefeitura de Milão. 











Cunhamos de sua veia poética, um pensamento e uma poesia.

O alvo da minha pintura é o sentimento. Para mim, a técnica é meramente um meio. Porém, um meio indispensável.  
                                              Candido Portinari




       Loucos os homens cospem lama


         Loucos os homens cospem lama
         Sobre as flores e as criancinhas
         Quando começaram? Sem cílios
         E as retinas mortas continuam


         As espadas de água e as terras
         Fendidas escorrendo-nos dentro
         Vozes feias malditas
         Perseguindo-nos. E as luzes e as folhas?


         Eles não caem, não se levantam
         Não vão e não vêm. Não são
         Pesadelos? Dementes espaventados fogem...


                                                                                Candido Portinari



                            Até a próxima

2 comentários:

  1. "O alvo da minha pintura é o sentimento. Para mim, a técnica é meramente um meio."

    Perfeito!
    O sentimento,a emoção...

    Há muito,as pessoas vêm "endurecendo" o coração.
    Que isso mude um dia...


    Belo texto!! :)
    Beijão

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