quarta-feira, 9 de outubro de 2019

Fernando Sabino


Fernando Sabino, escritor, jornalista e editor brasileiro, considerado um dos mais importantes cronistas brasileiros.
Fernando Tavares Sabino nasceu em Belo Horizonte, no dia 12 de outubro de 1923. Sua primeira publicação, uma história policial, aconteceu na revista Argus, da polícia de Minas Gerais.  Escritor precoce, a partir dos doze anos, escreveu textos, artigos, contos e crônicas para as revistas Alterosa e Belo Horizonte. Estimulado pela família e com muito empenho pessoal, ganha vários concursos de crônicas e contos. No concurso da revista Boa Nova tinha em sua banca julgadora nada mais que  Carlos Drummond de Andrade. Esportista, nadador do Minas Tênis Clube, foi recordista de nado de costas, sua especialidade, e campeão sul-americano em 1939. Ficou em segundo lugar na Maratona Nacional de Português e Gramática Histórica, empatado com Hélio Pellegrino. Aos 18 anos publica seu primeiro livro de contos “Os Grilos Não Cantam Mais”, ano em que ingressa na Faculdade de Direito de Minas Gerais e inicia, correspondência com o escritor paulista Mário de Andrade, que dura três anos, face a morte de Mário. As cartas estão no livro “Cartas a um jovem escritor e suas respostas”. No ano de 1942, trabalha na Secretaria de Finanças de Minas Gerais e dá aulas de Língua Portuguesa no Instituto Padre Machado. Estagia, por três meses, no Quartel de Cavalaria de Juiz de Fora, sua experiência pessoal rende episódios cômicos para o livro "O Grande Mentecapto". Conheceu e conviveu com Marques Rebêlo, Guilhermino César e João Etienne Filho. E formou, com Hélio Pellegrino, Otto Lara Resende e Paulo Mendes Campos, um grupo literário, apelidado por Etienne, de "Grupo dos Vintanistas", em razão todos terem em torno de vinte anos, grupo que discutia literatura e faziam passeios boêmios pelas noites de Belo Horizonte, e que serviu de inspiração para a obra “O Encontro Marcado. Ao se mudar em 1944 para o Rio de Janeiro, como colaborador regular do jornal Correio da Manhã, conheceu Vinicius de Moraes, e se tornam amigos, neste mesmo ano publicou sua segunda obra, a novela “A marca”. No ano seguinte, conheceu a escritora Clarice Lispector, ficam amigos e mais tarde, correspondentes. O escritor morou em Nova Iorque, exerceu a função burocrática no consulado brasileiro, com sua primeira esposa Helena Valladares Sabino e a primogênita Eliana Sabino. Nesse período, conheceu o compositor Jayme Ovalle. Continuou a enviar crônicas para o Diário Carioca e O Jornal. As crônicas reunidas do período foram publicadas na obra “A cidade vazia”. No mesmo período, Sabino escreve “Os movimentos simulados” e esboços das obras “O encontro marcado (1956) e “O Grande Mentecapto (1979), que lhe rendeu o Prêmio Jabuti, sendo adaptado para o cinema e teatro. Com o retorno ao Brasil, no Rio, em 1948, além de atuar como escrivão da vara de Órfãos e Sucessões colaborou com o “Jornal do Brasil”, e publica “O Homem Nu” (1960) e “A Mulher do Vizinho” (1962). Funda, em 1960, a Editora do Autor, em parceria com Rubem Braga, na qual publica nomes importantes da literatura brasileira e latino-americana e com o livro “A Revolução dos Jovens Iluminados” inaugura a editora, ano em que Fernando Sabino vai para Cuba, como correspondente do Jornal do Brasil e faz reportagem sobre a revolução cubana. Em 1964, muda-se para Londres,  durante o governo João Goulart, contratado para exercer as funções de Adido Cultural junto à Embaixada do Brasil em Londres. Colabora na BBC e com as revistas Manchete e Claudia. Desliga-se da editora em 1966, e funda a Editora Sabiá. Em 1973 funda a Bem-te-vi Filmes, com David Neves, e produz uma série de curtas-metragens com escritores brasileiros e realizando, viagens ao exterior documentando eventos. Em 1975, após 16 anos de colaboração, deixa o Jornal do Brasil. De 1977 a 1989, publica crônica semanal sob o título de "Dito e Feito" no jornal "O Globo", sendo reproduzida no "Diário de Lisboa" e em outros 80 jornais.
Publicou “O Grande Mentecapto em 1979, iniciado mais de trinta anos antes, e lhe rendeu o Prêmio Jabuti, obra adaptada para o cinema, e para o teatro. Publicou em 1982, “O menino no espelho”. Em 1985, “A faca de dois gumes”.  “O tabuleiro de damas”, uma obra autobiográfica publicou em 1989. Em 1991, publica “ Zélia, uma paixão”. Em 1996, sua obra foi Obra Reunida foi publicada em três volumes e em julho de 1999, recebeu da Academia Brasileira de Letras o prêmio Machado de Assis pelo conjunto de sua obra. Em 2001, publicou “Livro aberto e Cartas perto do coração”. Em 2002, publicou “Cartas sobre a mesa” e, em 2004, publicou “Os movimentos simulados”.

Em 11 de outubro de 2004, às vésperas de completar seu 81º aniversário, Fernando Sabino faleceu em sua casa em Ipanema  no Rio de Janeiro, vítima de câncer no fígado, e foi sepultado no Rio, no Cemitério São João Batista, em cujo  epitáfio, está escrito a seu pedido, o seguinte: "Aqui jaz Fernando Sabino, que nasceu homem e morreu menino!"

Suas obras:

Os grilos não cantam mais - contos (1941 - Pongetti)
A marca - novela (1944 - José Olympio)
A cidade vazia - crônicas e histórias ( 1950 - NY)
A vida real - novelas (1952, Editora A Noite)
Lugares comuns - dicionário (1952, Record)
O encontro marcado - romance (1956, Civilização Brasileira)
O homem nu - crônicas (1960, Editora do Autor)
A mulher do vizinho - crônicas (1962, Editora do Autor)
A companheira de viagem - crônicas (1965, Editora do Autor)
A inglesa deslumbrada - crônicas (1967, Sabiá)
Gente I e Gente II  (1975, Record)
Deixa o Alfredo falar! - crônicas (1976, Record)
O Encontro das Águas - (1977, Record)
O grande mentecapto - romance (1979, Record)
A falta que ela me faz - crônicas (1980, Record)
O menino no espelho - romance (1982, Record)
O Gato Sou Eu - crônicas (1983, Record)
Macacos me mordam (1984, Record)
A vitória da infância (1984, Editora Nacional)
A faca de dois Gumes - novelas (1985, Record)
O Pintor que pintou o sete (1987, Berlendis & Vertecchia)
Martini Seco - romance (1987, Ática)
O tabuleiro das damas - autobiografia literária (1988, Record)
De cabeça para baixo - crônicas de viagens (1989, Record)
A volta por cima - crônicas (1990, Record)
Zélia, uma paixão - biografia (1991, Record)
O bom ladrão - novela (1992, Ática)
Aqui estamos todos nus (1993, Record)
Os restos mortais (1993, Ática)
A nudez da verdade (1994, Ática)
Com a graça de Deus (1995, Record)
O outro gume da faca - novela (1996, Ática)
Um corpo de mulher (1997, Ática)
O homem feito novela (originalmente publicada no volume A vida real 1998, Ática)
Amor de Capitu - recriação literária de Dom Casmurro (1998, Ática)
No fim dá certo - crônicas (1998, Record)
A chave do enigma (1999, Record)
O galo músico (1999, Record)
Cara ou coroa? (2000, Ática)
Duas novelas de amor - novelas (2000, Ática)
Livro aberto - (2001, Record)
Cartas perto do coração - correspondência com Clarice Lispector (2001, Record)
Comedias Para se Ler na escola - conto (2001)
Cartas na mesa - correspondência com Paulo Mendes Campos, Otto Lara Resende e Hélio Pellegrino (2002. Record)
Os caçadores de mentira (2003, Rocco)
Cartas a um jovem escritor e suas respostas (2003, Record)
Os movimentos simulados (2004, Record)
Bolofofos e finifinos (2004, Ediouro)
O melhor amigo – Crônicas

Prêmios:

Com o romance O Grande Mentecapto, recebe o Prêmio Jabuti pela obra.
Recebe o Prêmio Golfinho de Ouro na categoria de Literatura, concedido pelos Conselhos Estaduais de Educação e Cultura do Rio de Janeiro.
Em 1985 é condecorado com a Ordem do Rio Branco no grau de Grã-Cruz pelo governo brasileiro.
Em 1989 o filme O Grande Mentecapto é premiado no Festival Internacional de Gramado.

Algumas de suas frases:

"De tudo, ficaram três coisas: a certeza de que ele estava sempre começando, a certeza de que era preciso continuar e a certeza de que seria interrompido antes de terminar. Fazer da interrupção um caminho novo. Fazer da queda um passo de dança, do medo uma escada, do sono uma ponte, da procura um encontro".
"Democracia é oportunizar a todos o mesmo ponto de partida. Quanto ao ponto de chegada, depende de cada um."
"O otimista erra tanto quanto o pessimista, mas não sofre por antecipação.
No fim tudo dá certo, e se não deu certo é porque ainda não chegou ao fim.
Não posso responsabilizar ninguém pelo destino que me dei. Como único responsável só eu posso modificá-lo. E vou modificar."


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