Sérgio Porto
nasceu em Copacabana, no Rio de janeiro, em 11 de janeiro de 1923. Sérgio
Marcos Rangel Porto foi bancário do Banco do Brasil, e estudou arquitetura até o
terceiro ano. Conciliou o banco com as atividades de jornalista. Atuou no rádio, na televisão, e no
teatro. Em parceria com Nestor do Holanda e Antonio Maria escreveu o programas de
humor com Ronald Golias e Chico Anísio, que iniciavam carreiras na TV. Na TV Rio escreveu o show de maior sucesso: "Times
Square". Não admitia informações erradas
ao público, esmerava-se sobre a máquina de escrever, produzindo textos sempre bem elaborados e precisos. O personagem Stanislaw Ponte Preta, criação sua com Santa Rosa, o primeiro ilustrador do personagem, foi inspirado em um personagem de Oswald de Andrade, Serafim Ponte Grande e se deveu a um convite para substituir um colunista social, e pelo seu enorme senso de ridículo, não admitia ser um igual, e adotou o pseudônimo. O senso crítico também, se consolida quando da criação dos personagens: Tia Zulmira,
Altamirando e Rosamundo. Criou também “As Certinhas do Lalau”, se contrapondo
as listas anuais dos colunistas sociais, com as vedetes, entre elas: Anilza Leoni, Diana Morel, Rose Rondelli, Maria Pompeo, e Irma Alvarez. Conhecedor de Música Popular Brasileira e jazz, ele definia a verdadeira MPB pela sigla MPBB - Música Popular Bem Brasileira. Possuidor de um admirável senso de humor, sua aparência sisuda escondia um intelectual capaz de fazer piadas quando do regime militar e o moralismo social vigente, criou o FEBEAPÁ - Festival de Besteiras que Assola o País. Talvez, nos dias
de hoje sofreria com o politicamente (in)correto. O amigo, Paulo
Mendes Campos, escritor de fina linguagem, deixou um depoimento, no
livro Murais de Vinícius e Outros Perfis, e desfaz a fama de gozador da vida, pois, aparentemente
descompromissada, ele tinha uma visão da vida muito mais séria e
engajada do que seu humor ácido. Trabalhador infatigável, debruçado
sobre sua máquina de escrever, cumpridor dos compromissos assumidos. Publicou novelas moralistas: “As Cariocas”,
conceito de relação homem/mulher; “A Currada de Madureira”, a violência urbana; e “A Grã-fina de Copacabana”, a falta de
escrúpulos dos ricos. As crônicas: “O Homem ao Lado” e “A casa
Demolida”, publicadas em dois volumes em corretíssimo português, narra o fim da
Copacabana de sua infância e sua transformação. Botafoguense, fala da
convivência do autor, como Heleno de Freitas, seu amigo de juventude; em “História
do Jazz”, obra pioneira no gênero, onde é patente seu profundo conhecimento da
história da música. Foi autor de textos de apresentação de discos, dos antigos
LPs, então feitos na contra capas e sempre propiciava apresentar ao público um
artista iniciante, ou pouco conhecido. Compôs o “Samba do Crioulo Doido”, o
regulamento do desfile das escolas de samba, os compositores de sambas enredo, eram obrigados a enfocar temas históricos, em geral
desconhecidos para eles, e na letra expõe em forma de crítica as dificuldades
dos compositores.
A geração de
Sérgio Porto foi a que mais honrou a nossa imprensa. Nomes como Antonio Maria,
João Saldanha, Ary Barroso, Paulo Mendes Campos, Ruben Braga, Millor Fernandes,
Fernando Sabino, Nestor de Hollanda, José Lins do Rego, Dolores Duran, Eneida,
Rosário Fusco e outros, mantinham em alta a cultura do país. Eram cultos e
versáteis, escreviam sabendo usar bem os recursos de nossa língua. Com uma
linguagem rica, ao mesmo tempo que informavam, divertiam e educavam. Infelizmente
foi a última geração que atuou no Rio de Janeiro. Com a mudança do centro
político para Brasília e do econômico para São Paulo, a cidade maravilhosa
iniciou sua longa e inexorável decadência, para tristeza e empobrecimento, não
apenas do Rio de Janeiro, mas, do Brasil. Basta ver como funciona as mídias de
hoje.
Algumas frases
suas ficaram marcadas: "Quem não ganha, já perdeu"; "No Brasil
as coisas acontecem e depois, com um simples desmentido, deixaram de
acontecer"; "Conversa de bêbado não tem dono"; "Aderia mais
que político brasileiro ao poder"; “Os 10 mandamentos deviam ser 11: bater
o ponto e trabalhar"; "Tem linguiça debaixo desse angu"; "No Brasil o que existe é impunidade
parlamentar". Escritas há mais de 40 anos, parecem de ontem.
A música passou ao show de teatro, “Show do Crioulo Doido”, e Sérgio Porto tinha um roteiro para percorrer o país, mas, após deixar sua marca em vários lugares, não completaria o ciclo, veio a falecer em 30 de setembro de 1968, vítima de um ataque cardíaco. Momentos antes de falecer, o humor não faltou, dirigiu-se a empregada: “Tunica, estou apagando. Vira o rosto prá lá que não quero ver mulher chorando perto de mim”.
A música passou ao show de teatro, “Show do Crioulo Doido”, e Sérgio Porto tinha um roteiro para percorrer o país, mas, após deixar sua marca em vários lugares, não completaria o ciclo, veio a falecer em 30 de setembro de 1968, vítima de um ataque cardíaco. Momentos antes de falecer, o humor não faltou, dirigiu-se a empregada: “Tunica, estou apagando. Vira o rosto prá lá que não quero ver mulher chorando perto de mim”.
Obras:
Com seu próprio nome obras:
Pequena História do Jazz, (1953)Com seu próprio nome obras:
O Homem ao Lado (1958)
A Casa Demolida - reedição, com acréscimos, de O Homem ao Lado (1963)
As Cariocas (1967)
Como Stanislaw Ponte Preta
Tia Zulmira e Eu (1961)
Primo Altamirando e Elas (1962)
Rosamundo e os Outros (1963)
Garoto Linha Dura (1964)
Febeapá - Festival de Besteiras Que Assola o País (1966)
Febeapá 2 (Segundo Festival de Besteiras Que Assola o Pais) (1967)
Na Terra do Crioulo Doido (1968)
Febeapá 3 (1968)
A Máquina de Fazer Doido (1968)
Rosamundo e os Outros (1963)
Garoto Linha Dura (1964)
Febeapá - Festival de Besteiras Que Assola o País (1966)
Febeapá 2 (Segundo Festival de Besteiras Que Assola o Pais) (1967)
Na Terra do Crioulo Doido (1968)
Febeapá 3 (1968)
A Máquina de Fazer Doido (1968)
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