sábado, 5 de outubro de 2019

Cecília Meireles


Cecília Meireles, poeta, ensaísta, cronista, folclorista, pintora, tradutora e educadora, nasceu no Rio de Janeiro em 7 de novembro de 1901. Seu pai faleceu meses antes de seu nascimento e aos 3 anos perdeu a mãe. Órfã, foi criada pela avó materna. 

Cecília Benevides de Carvalho Meireles fez o curso primário na Escola Estácio de Sá, por ter feito o curso com louvor e distinção recebeu das mãos de Olavo Bilac a medalha do ouro. Em 1917 formou-se professora na Escola Normal do Rio de janeiro. Estudou música e línguas, literatura, folclore e teoria educacional. Exerceu o magistério e foi a primeira voz feminina de grande expressão na literatura brasileira, com mais de 50 obras publicadas. Com 18 anos estreou na literatura com o livro "Espectros"" com 17 sonetos de temas históricos. Sua poesia foi traduzida para diversos idiomas, incluindo híndi e urdu, e musicada por muitos artistas. Mais conhecida como poetisa, porém, deixou contribuições no domínio do conto, da crônica, da literatura infantil e do folclore.
Participou do grupo católico conservador, da revista Festa, por ocasião da Semana de Arte Moderna de 1922, ano que se casa com o artista plástico português Fernando Correia Dias, com quem teve três filhas. Nos anos 1930 e 1931, como jornalista, escreveu na imprensa sobre folclore. e publicou artigos sobre educação e em 1934 fundou a primeira biblioteca infantil no Rio de Janeiro, e dedicou a publicar livros didáticos e poemas infantis, e neste mesmo ano a convite do governo português, viaja para Portugal, fez  conferências divulgando a literatura e o folclore brasileiros. Fica viúva após 13 anos de casada. Seu marido cometeu suicídio, vítima de depressão. Entre 1936 e 1938, lecionou Literatura Luso-Brasileira na Universidade Federal do Rio de Janeiro. Em 1938, o livro de poemas “Viagem” recebe o Prêmio de Poesia, da Academia Brasileira de Letras. Em 1940, se casou com Heitor Vinícius da Silveira Grilo, professor e engenheiro agrônomo. Nos EUA, leciona Literatura e Cultura Brasileira na Universidade do Texas. Faz conferências sobre Literatura Brasileira em Coimbra e Lisboa e nesta publica o ensaio "Batuque, Samba e Macumba", com ilustrações dela própria.
Em 1942 torna-se sócia honorária do Real Gabinete Português de Leitura do Rio de Janeiro. Realiza  viagens ao exterior (Estados Unidos, Europa, Ásia e África), proferindo conferências sobre Literatura, Educação e Folclore.
Em 1953, foi agraciada com o título de “Doutora Honoris Causa” pela Universidade de Déli, na Índia e no Chile, foi inaugurada a “Biblioteca Cecília Meireles” em 1964 na província de Valparaíso.
Cecília Meireles não se apegou a nenhum movimento literário, suas poesias sim, às tradições da lírica luso-brasileira, embora as publicações iniciais se voltam para o Simbolismo, reúnem religiosidade, desespero e individualismo, misticismo no campo da solidão, mas, consciência de seus dons e seu destino, de caráter intimista com forte influência da psicanálise com foco na temática social, na segunda fase do modernismo no Brasil, destacou-se no grupo de poetas que consolidaram a "Poesia de 30", ingressa no espírito poético da escola modernista com o livro Viagem (1939),  cuidadosa com a seleção vocabular, teve inclinou-se para a musicalidade (traço associado ao Simbolismo), para o verso curto e para os paralelismos, a exemplo dos versos das poesia medieval portuguesa, onde os elementos: vento, água, mar, ar, tempo, espaço, solidão e a música confirmam a inclinação neossimbolista, enquanto na poesia reflexiva, de fundo filosófico, abordou temas como a transitoriedade da vida, o tempo, o amor, o infinito e a natureza. Intuitiva, questionadora, tentou compreender o mundo a partir das próprias experiências, mas os maiores valores de sua poética, fica bem visível no poema épico-lírico Romanceiro da Inconfidência,  escrita em homenagem aos heróis que lutaram e morreram pela Pátria:
                              
                               Romanceiro da Inconfidência
                             
                                Atrás de portas fechadas,
                                à luz de velas acesas,
                                entre sigilo e espionagem
                                acontece a Inconfidência.
                                E diz o vigário ao Poeta:
                                “Escreva-me aquela letra
                                do versinho de Virgílio...”
                                E dá-lhe o papel e a pena.
                                E diz o Poeta ao Vigário,
                                Com dramática prudência:
                                “Tenha meus dedos cortados,
                                antes que tal verso escrevam...”
                                Liberdade, Ainda que Tarde, (...)

 Algumas de suas frases:


"Aprendi com as primaveras a deixar-me cortar e a voltar sempre inteira".
           "Tenho fases, como a Lua; fases de ser sozinha, fases de ser só sua".
           "Liberdade é uma palavra que o sonho humano alimenta, não há ninguém que explique e                           ninguém que não entenda".
           "Entre mim e mim, há vastidões bastantes para a navegação de meus desejos afligidos"


Cecília Meireles faleceu no Rio de Janeiro, no dia 9 de novembro de 1964, aos 63 anos de idade, vítima de câncer.

O Banco Central, em 1989, fez uma homenagem a Cecília Meireles, com sua efígie na cédula de cem cruzados novos.


Cecília Meireles nos deixou as seguintes obras:

Espectros, poesia (1919)
Nunca Mais... e Poema dos Poemas (1923)
Baladas Para El-Rei, poesia (1925)
Viagem, poesia (1925)
Viagem, poesia (1939)
Vaga Música, poesia (1942)
Mar Absoluto, poesia (1945)
Evocação Lírica de Lisboa, prosa (1948)
Retrato Natural, poesia (1949)
Doze Noturnos de Holanda, poesia (1952)
Romanceiro da Inconfidência, poesia (1953)
Pequeno Oratório de Santa Clara, poesia (1955)
Pístóia, Cemitério Militar Brasileiro, poesia (1955)
Canção, poesia (1956)
Giroflê, Giroflá, prosa (1956)
Romance de Santa Cecília, poesia (1957)
A Rosa, poesia (1957)
Eternidade em Israel, prosa (1959)
Metal Rosicler, poesia (1960)
Poemas Escritos Na Índia (1962)
Antologia Poética, poesia (1963)
Ou Isto Ou Aquilo, poesia (1965)
Escolha o Seu Sonho, crônica (1964)
Cecília Meireles recebeu diversos prêmios, dos quais se destacam:
Prêmio de Poesia Olavo Bilac
Prêmio Jabuti
Prêmio Machado de Assis


          



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