Maria Firmina dos Reis nasceu em São Luís em 11
de março de 1822, filha de mãe branca e pai negro, na certidão constou
apenas o nome da mãe, escrava alforriada que pertenceu ao Comendador Caetano José Teixeira.
Maria Firmina, afrodescendente nascida fora do casamento, viveu num contexto de
extrema segregação racial e social. Aos cinco anos fica órfã, vai morar com uma
tia materna na vila de São José de Guimarães, sendo crucial para a sua formação.
Exerceu por muitos anos o magistério, e recebeu o título de "Mestra
Régia". Em 1847, com vinte e cinco anos, em concurso público passa para a Cadeira de
Instrução Primária. Em 1859 lança sua primeira obra: “Úrsula”, uma crítica à
escravidão, primeiro romance abolicionista, dando voz e colocando os escravos
em um lugar de igualdade.
Trata-se de um triângulo amoroso entre Úrsula,
Tancredo e o tio de Úrsula, que vai muito além disso e Maria Firmina fez
questão de enfatizar a crueldade da escravidão e de colocar o ponto de vista do
negro na história, tendo assinado o livro como “uma maranhense”, estratégia
usada pelas mulheres na época para que assim tivessem chance de expressar suas
ideias, vetadas de tal ação, e raro uma mulher escritora no século IXX, ainda
mais negra, disse: “Pouco vale este romance, porque escrito por uma mulher,
e mulher brasileira, de educação acanhada e sem o trato e conversação dos
homens ilustrados”.
Em 1861 lança “Gupeva”: narrativa curta de
temática indianista, publicada em capítulos; em “Cantos à beira-mar”
de 1871, traz textos inquietação e uma subjetividade feminina melancólica e em
1887 o conto "A escrava", texto abolicionista, peça retórica no
debate então vivido no país em torno da abolição do regime servil.
Quando se aposentou, início da década de 1880, fundou na localidade de
Maçaricó, a primeira escola mista e gratuita do Maranhão e uma das
primeiras do País, o que causa grande repercussão, sendo obrigada a suspender
as atividades depois de dois anos e meio.
Maria Firmina dos Reis faleceu em 11 de novembro de 1917, pobre e cega,
no município de Guimarães-MA.
Infelizmente, documentos de seu arquivo pessoal se perderam e não há
nenhuma imagem sua digna de credibilidade, circula na internet uma foto de
outra, como se fosse da autora maranhense. A escultura reproduzida através
retrato falado serviu para criar a imagem da capa, pelo biógrafo da autora.
No centenário da morte de Firmina, em 2017, seus livros foram
relançados: Úrsula, já na sétima edição, trazendo em apêndice
o conto "A Escrava", de 1887; Gupeva, em sexta
edição; além de Cantos à beira.

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