sábado, 29 de junho de 2019

Dom Casmurro


Obra: Dom Casmurro
Publicado: 1900
Autor: Machado de Assis
Editora: Livraria Garnier

Sinopse: Centrada  no ciúme e por conseguinte na tragédia conjugal, que deixa em suspense  o caráter da personagem Capitu, a obra se desenvolve por 148 capítulos curtos, narrada em primeira pessoa, através do personagem principal Bento Santiago.

Machado de Assis, se vale de ferramentas literárias como a ironia e uma intertextualidade comparados a Schopenhauer e a Shakespeare, sendo sua característica, utilizar a digressão, ou seja, interromper a narração dos fatos, com longos parênteses reflexivos, comentando a ação e dialogando com o leitor, o que acho ultra interessante.
Assim é que Bento Santiago, através relato retrospectivo, reata os laços de sua história de um homem, introspectivo, casmurro, voltando a infância quando vivia com a família.
                                                                                                      
Como Bentinho, na casa da Rua Matacavalos, ouve José Dias, um dos que residiam na casa, dizer a sua mãe, ter percebido o filho estar com olhos em Capitolina, sua amiga de colégio.
Dona Glória, agora viúva, perdera antes um filho, e prometera antes do nascimento de Bentinho, que se o segundo fosse um “varão”, o faria padre.
Bentinho comenta com Capitu o que ouvira, e ela tenta arquitetar um jeito dele escapar do seminário, mas, fracassa e vindo depois a beijá-la, promete casar-se com ela.
Já no seminário, Bentinho se torna o melhor amigo de Escobar, e faz questão de que ele conheça sua família, e Escobar conhece Capitu.
Enquanto Bentinho estuda, dona Glória vê em Capitu virtudes que fazem-na mudar de opinião quanto a relação dos dois, mas, esbarra na promessa feita.
Bentinho conta a Escobar que prometera casar com Capitu, e Escobar também se abre, diz amar o comércio, e nada o faria padre.
Escobar sugere a dona Glória, que ao invés do filho, indique outro jovem no lugar dele.
Em uma das visitas, Bentinho por ciúme, acredita que Capitu lhe trai.
Querendo a volta do filho, dona Glória indica um órfão ao seminário.
Livre, Bento se forma em Direito e se casa com Capitu indo residir na Tijuca.
Escobar casa-se com Sancha, amiga de colégio de Capitu, e vão residir no Flamengo, tornam-se constantes os jantares entre os casais.
Escobar se torna pai de uma menina, e dá o nome de Capitolina, tempos depois, nasce o filho de Bentinho e Capitu, e dão-lhe o nome de Ezequiel Escobar.
O tempo passa e Escobar morre, a viúva parte para o Paraná com a filha, e Bento nota em Capitu um sentimento diferente, e no filho o jeito todo de Escobar e tenta fugir do filho.
Bento diz ao filho, que não é seu pai e Capitu escuta, e afirma que pela casualidade da semelhança, vai levá-los a separação.
Arrumam uma viagem para a Europa com o intuito de encobrir a nova situação, que levantaria muita polêmica e apenas o amargo Dom Casmurro, retorna ao Rio de Janeiro.
Ezequiel Escobar tenta reatar relações com o pai, mas a semelhança com Escobar faz com que Bento Santiago o rejeite novamente, contudo, continua a pagar as viagens do filho.
Infeliz, Ezequiel morre de febre tifóide durante uma pesquisa arqueológica em Jerusalém
Mortos todos os que conviviam com Bento, exceto Sancha de quem nada se soube após a morte de Escobar. Capitu, morre e é enterrada na Suíça.
Dom Casmurro, só, triste e nostálgico, conclui que sua maior amiga e seu melhor amigo foram unidos pelo destino e o enganaram, dedicando-se a construir uma casa semelhante a de infância, e escrever outra obra sobre “a história dos subúrbios”.

Minha opinião

O que falar de Machado de Assis! Mestre dos mestres dos escritores brasileiros.
A ambiguidade da trama imposta, os pensamentos neuróticos do narrador, o ciúme,  enfim, ingredientes perfeitos, como pimenta e sal, que para alguns dão sabor ao prato servido, para outros, ofusca o viés da receita, no entanto, haverá sempre gotas de limão a mais, ou a menos, que podem alterar o sabor de quem lê, mas, em geral, para o autor é o ponto certo da massa do bolo.
Como passageiro, embarquei no romance de Machado de Assis, e foram várias viagens, e  a cada viagem mágica, vou apreciando as janelas da ambiguidade da trama, do ciúme, da desconfiança, e ao entrar no túnel, a fumaça densa, nebulosa, traz com ela o adultério, que parece sumir quando o sol retoma os trilhos, quiçá apareça na próxima estação. Vida que segue!


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