segunda-feira, 18 de junho de 2012

Ninho de amor.


Era outono,
bem parecido, com o de agora,
calor de verão.
Chegara o dia,
no terno entrei,
fui ao encontra de minha madrinha,
que já era de batismo.
Ansiosa, usava unhas postiças,
as minhas, já não as tinha,

o padrinho, que tirara as fotos, 
viria com aquela, que como todas elas, as noivas,
se atrasam neste dia.
Um dos dias,
do mês de Maria.
Tudo bem! 
Luzes se acendem,
entramos, eu e a madrinha,
bancos enfeitados,
amigos, parentes,
presentes,
ao som da canção
de Charles Gounod,
nascido por sinal
no dia e século anterior,  
àquele evento.
A vi entrar,
linda, 
tensa, mas, sorridente,
naqueles passinhos,
que só eu sabia admirar,
e que me cativaram,
quando a via  passar de saia azul
e blusa branco.
Dividíamos agora,
com os olhares,
dos convidados.
A benção,
o beijo,
mais fotos, e
dali para a festa.
Casa cheia!
Na chegada,
chuva de arroz,
todos contentes,
não mais que a gente,
que chegando,
pensando, 
se não ela, eu,
sair de fininho,
fugir de mansinho,
sem ninguém nos ver.
Roubá-la em definitivo. 
E, só um coração de mãe,
também roubado,
podia pressentir,
quando daquele momento,
e diz baixinho:
_"sejam felizes, vão com Deus!"
Lá fora,
como combinado,
um casal amigo,
iria nos levar.
Plano perfeito,
não teve jeito,
as latas amarradas,
fez a turma correr para a varanda,
tarde demais, nos viram,
dobrando a esquina.
Restou o luar como testemunha,
Deixam-nos em frente a casa,
nosso primeiro lar!
Então,
a carreguei no colo,
iniciando a vida a dois,
que hoje relembro,
pois, fazem quarenta e dois,
e como diz o poeta
anos que se passaram, 
quantos ainda passarão?
e nós passarinhos.
Neste ninho de amor,
que só os que como nós,
ainda acreditam no amor, 
fazendo-o perdurar por tanto tempo.


 .


18 de junho de 1970,          e Brasil Tri e Vasco da Gama  Campeão

18 de junho de  2012.          Bodas de Prata dourada 

2 comentários:

  1. Acredito no amor.
    Afinal de contas é o que nos resta, mesmo que, na imensa maioria das vezes, seja como as religiões; uma forma de se consolar com o grande nada imaginário.
    Belo poema, paizão!
    O que interessa aquime é a sua capacidade de transpor mundos com a poesia e tu és mestre no assunto.
    Até...

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    1. Ontem, devido a qyda inesperada da web, não consegui comentar este belo e pequeno resumo desses 42 anos de amor, lutas e vitórias,como deveria. O amor é um desafio, por isso é tão bom. Escrever bem é para poucos e voce está entre esses privilegiados, Osvaldir!
      Abraços, paizão!

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