sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Ingênuos ou oportunistas, ou ambos?





Abrir o ano com mais um tema político, é dose, mas, fazer o quê?

O Brasileiro parece que adora complicar!

É notório que o Brasil não estava preparado para assumir a Copa , sequer as Olimpíadas, mas!

Assim da vitória,  o  Maracanã teve as grades cobertas por  placas estilosas,   propaganda como sempre enganosa dos governos, de que a obra seria concluída no prazo  determinado e o valor total não seria o que hoje  está próximo do triplo do orçado.

Não apenas  obras,  em época de concursos, quando o Estádio cedia as instalações  para a aplicação de provas,  ficava impraticável caminhar e a Cidade Maravilhosa nos abre inúmeras opções.

A  Lagoa Rodrigo de Freitas, onde o Cristo parece alertar  aos que acostumados ao oval do estádio dar cinco ou seis voltas, parar na primeira. Na Urca,  a Pista Cláudio Coutinho, ou Caminho do Bem te Vi como é conhecido,  margeando  o Pão de Açúcar, somadas as visões daquele com a  entrada da Baía de Guanabara, tornar  mais um passeio, que propriamente caminhada; além destas opções,  o calçadão de Copacabana, na eterna Princezinha do Mar, e o Alto da Boa Vista, para uma caminhada mais forçada, começando  pelo belo visual da Cascatinha.

Vizinho do Maracanã desde 1980, passei na década seguinte a me juntar àqueles que utilizavam-se  da pista,  para na caminhada produzir endorfina, descoberta pouco antes, em 1975.

E lá estava imponente, aquele prédio da  Rua Mata Machado,  hoje envolvido em uma grande polêmica. 


Construído em 1862, o seu primeiro proprietário, Duque de Saxe, em 18 de julho de 1865, doou à União para transformá-lo num centro de pesquisa sobre a cultura indígena, sendo ali criado pelo Marechal Rondon, em 1910 o Serviço de Proteção ao Índio. 

Em 19 de abril de 1953 nosso antropólogo Darcy Ribeiro criou o Museu do Índio,  tanto que  a data mais tarde passaria a ser comemorativa do dia do Índio. O Museu, ligado à Fundação Nacional do Índio, em  1978 teve sua  sede transferida para um prédio tombado na Rua das Palmeiras, 55 em Botafogo. 

Enquanto esteve na Rua Mata Machado,  nenhum órgão se interessou pelo tombamento, e nestes vinte anos de caminhada, o que vi foi o próprio prédio quase tombar pelas ruínas causadas pela depredação.

Em 1984 a União cedeu o imóvel à Companhia Nacional de Abastecimento, e em 1986 passa ao Ministério da Agricultura. É fácil identificar que Setores do Ministério ocupam prédios vizinhos, mas, o da  Rua Mata Machado, o que se viu naquele, foi a manutenção de guardas de segurança  evitando a total depredação.

Se perguntar não ofende, pergunto:

Qual o motivo de não ter sido tombado, até pela causa da doação inicial?

Mesmo que não tombado, pela causa, qual a razão da transferência, para Botafogo e não terem os índios questionado na ocasião e retornarem em 2006, mera coincidência com o advento da Copa?

Nada contra os primeiros moradores da terra Brasil, ao contrário, mas, até então não se ouvia falar de aldeia, lá se vão anos que aqui houve uma, a “Aldeia Campista” , sub-bairro hoje lembrado por aqueles da época, criado no entorno da  fábrica Confiança, onde junto a ela foram construídas as casas para os operários, mas, imprensado  entre os bairros da Tijuca,  Andaraí ,  Maracanã e Vila Isabel, foi a este último anexado.
Se Noel Rosa, imortalizou aquela fábrica com a canção Três Apitos,   alusão a  uma de suas amadas, operária da fábrica que não lhe dava a mínima, fábrica cujas instalações são ocupadas hoje por um supermercado,  e as casas dos operários existem e  conservam a arquitetura original,  a Aldeia Campista, que já não existe, foi imortalizada pelo maior influente dramaturgo  brasileiro, Nelson Rodrigues, irmão de Mário Filho, que viria a dar nome ao Estádio do Maracanã. Nelson Rodrigues a partir de 1916 residiu na "Aldeia Campista" e   inspirado no cotidiano do lugar, escreveu contos e crônicas, tanto que na peça “ Engraçadinha”, usa uma praça que também já não existe, e se valeu dos costumes da época para escrever boa parte de  “A vida como ela é”.

Questionar que prédios antigos, tem que ter autorização para serem demolidos, tudo bem,  levar para o lado sentimental, ou mesmo patrimonial, também, não só pela intenção da doação inicial, e até por ter sido o projeto iniciado por Cândido Mariano da Silva Rondon, o Marechal Rondon, que muitos sequer sabem que era descendente de índios Terenas, Borôro e Guaná, e da continuidade dada pelo antropólogo Darcy Ribeiro, tudo bem, mas, não ficou bem, e o título é proposital, clareia quando das perguntas acima. 

Nos parece que aos governantes se faltou estratégia, muito mais a política, no significado maior do termo, qual seja os procedimentos peculiares à "pólis", que envolvem por extensão a sociedade, com certeza  tudo se resolveria prognosticando e não diagnosticando, evitando o imblóglio que ora se envolvem.


Me poupem!



Daniel O’ Oconnel líder nacionalista irlandês já dizia: ""Nada pode ser politicamente certo se for moralmente errado".
  


2 comentários:

  1. Texto impecavel!!
    Lembro-me da infancia,em que no periodo de comemoracoes ao Dia do indio,na escola,fomos levados ao museu,que ficava e ainda esta em Botafogo.O predio tao "badalado" atualmente,desde que o conheco,ha 32 anos,sempre esteve "jogado as tracas" e agora ...Bem,melhor parar por aqui.Jogos politicos sao complicados,e prefiro manter a minha visao de vida.Foi muito bem descrito e concordo plenamente,"nada pode ser politicamente correto,se for moralmente errado".

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  2. Meu caro amigo. Como sempre muito bom o seu artigo, principalmente porque não se prende ao politicamente correto e moderninho. Sou morador do bairro a 25 anos, e, como observador do meu entorno, principalmente nas caminhadas que tb faço no maraca, nunca vi qualquer movimentação como se vê agora, com os oportunistas de sempre, alguns tolos e "índios" hight tech. Infelizmente passou o momento de fazer alguma coisa e o que interessa é que em breve teremos milhares de turistas na cidade. Sinceramente torço para que tudo corra bem e que o Brasil possa passar uma boa imagem para o mundo. Abraços, Jorge (GEAL)

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