domingo, 15 de setembro de 2019

Literatura Brasileira - O Arcadismo

No século XVIII, o “Século das luzes”, a Europa passou por grandes modificações, que culminou com a Revolução francesa de 1789; A França escreveu a “Enciclopédia” coordenada por D’Alembert e Diderot e como colaboradores Montesquieu e Voltaire, na tentativa de sistematizar o conhecimento humano da época.  Na Inglaterra, a revolução industrial, levou à necessidade de aperfeiçoar a técnica de produção, dando impulso às ciências naturais. A razão passou a ser valorizada como única fonte do conhecimento da natureza e da vida em sociedade. A instituições religiosas perderam poder, e a atividade econômica adotou o liberalismo. O Estado absolutista, passou a ser criticado pelos cientistas e filósofos, surgindo o Iluminismo, das transformações econômicas, políticas e sociais deste período, e o Arcadismo como expressão literária desse momento,  de mudanças, representa a crítica da burguesia culta ao modo de vida simbolizado pela nobreza e o clero, buscando a simplicidade, e os versos passaram a ser escritos numa linguagem, mais simples, mais popular. O Arcadismo no Brasil,  se deu quando a exploração da lavoura de cana de açúcar do Nordeste entra em declínio, e o eixo econômico se desloca para Minas Gerais, com a exploração do ouro, sendo fundadas as primeiras cidades urbanas (Ouro Preto, Sabará e Mariana) e com as novidades trazidas pela “Enciclopédia”, formou-se em Minas Gerais, um grupo  intelectual que se destacou na literatura e na política, visando a emancipação do Brasil, que culminou com a Inconfidência Mineira, dentre eles, Cláudio Manuel da Costa, Tomás Antonio Gonzaga, José Basílio Gama e Frei José de Santa Rita Durão. 

Cláudio Manuel da Costa (1729-1789), mineiro, formou-se bacharel em Coimbra, com o volume “Obras” dá início ao Arcadismo no Brasil, escreveu poesias épicas e líricas, em português e italiano e com o pseudônimo literário de Glauceste Satúrnio, com versos bem construídos e num ritmo fluido, escreveu cem sonetos,  com a natureza como cenário, direcionados as musas: Nise, Eulina e Daliana.
(...)
Ah se ao menos teu nome ouvir pudera
Entre esta aura suave, que respira!
Nise, cuido, que diz; mas é mentira
Nise, cuidei que ouvia; e tal não era.

Louvou a mulher, na figura de uma pastora, e sua cidade natal, para compor o poema épico “Vila Rica”, descrevendo a cidade desde sua origem, e as atividades da mineração do ouro e das pedras preciosas.
(...)
"Enfim serás cantada, Vila Rica, 
Teu nome impresso nas memórias fica. 
Terás a glória de ter dado o berço 
A quem te faz girar pelo universo."

Cláudio Manuel da Costa foi preso quando tinha 60 anos, e suicidou-se na prisão.




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