José de Sousa, teve adicionado o sobrenome Saramago, de forma espontânea pelo funcionário do
cartório em alusão ao apelido da família, conhecida na aldeia por Saramago (Saramago, nome de uma planta da
família das herbáceas cujas folhas, serviam como alimento na cozinha dos
pobres), e foi como José Saramago, que se fez, poeta, contista, romancista e
teatrólogo, sendo a maior
expressão da literatura portuguesa contemporânea. Nasceu no dia 16 de novembro de 1922, em
Azinhaga de Ribatejo, distrito de Santarém, Portugal, mas, registrado em 18 de
novembro. Filho
dos camponeses, José de
Sousa e Maria da Piedade, somente aos sete anos, teve ciência do sobrenome Saramago,
quando da matrícula na escola primária exigiram um documento de identificação. Sua
família deixou o campo indo para Lisboa, prevendo melhora das finanças, e condições,
de no futuro garantir bons colégios ao filho, que então tinha apenas 2 anos,
mas, não sendo possível o matricularam em um colégio de ensino profissional Se
formou em serralheiro mecânico, mas, teve contato com o Francês, e Literatura.
Trabalhou em uma oficina de reparos em automóveis. Autodidata, quer
pela curiosidade, quer pela vontade de aprender, desenvolveu e apurou o
gosto pela literatura, lhe abrindo as portas para a fruição literária. Casou-se
com Ilda Reis, aos 22 anos, nascendo em 1947, sua única filha, Violante. Exerceu cargo público na área da saúde e da
Previdência Social, mas, não se desligou da literatura, ao contrário, leu muito
sobre filosofia e história, e com 25 anos, fez sua estreia, com o romance
“Terra do Pecado”. Diretor literário de uma editora, e jornalista, a partir de
1955, dedicou-se as traduções até 1981. Tolstoi, Colette, Pär Lagerkvist, Jean
Cassou, Maupassant, André Bonnard, Hegel, Baudelaire, Étienne Balibar, Nikos
Poulantzas, Henri Focillon, Jacques Roumain, Raymond Bayer foram alguns dos
autores que traduziu. Manteve contrato com vários jornais e revistas: Diário de
Lisboa, A Capital e a Seara Nova, neste exerceu a função de cronista. Levou 35
anos para passar para a história e ver seus livros traduzidos para mais de 25
línguas. A sua obra literária passou por várias fases: da poesia, com "Os
Poemas Possíveis" (1966), “Provavelmente Alegria” (1970), ano em que se divorciou,
iniciando uma relação com a escritora Isabel da Nóbrega, que durou até 1986, da
crônica: “Deste Mundo e do Outro” (1971); do teatro, com a peça “A Noite” (1979), cujo
cenário era uma redação de um jornal, tendo recebido o Prêmio da Associação de
Críticos Portugueses; e da ficção com o romance “Manual de Pintura e
Caligrafia” (1976); e pelos contos
“Objeto Quase” (1978) e “Poética dos Cinco Sentidos” (1979). Sem emprego, por razões da situação política,
resolveu se dedicar inteiramente à literatura, e no princípio de 1976, foi para
Lavre, povoação rural da província do Alentejo e de lá sai o romance “Levantando
do Chão” (1980), vindo a ser best-seller internacional, recebendo o “Prêmio
Cidade de Lisboa”; já com “Memorial do Convento” (Obra de 1982, que fala sobre
a construção do convento de Mafra, nos arredores de Lisboa, fez com que
Federico Fellini, dizer ser a uma das obras mais interessantes que já lera,
cujo enredo, sobre um casal de amantes tentando fugir da inquisição com uma
máquina voadora, em 1990 deu origem a uma ópera em estilo italiano, apresentada
no teatro La Scala, em Milão; “O Ano da Morte de Ricardo Reis” (1984), “A
Jangada de Pedra” (1988) e “História do Cerco de Lisboa” (1989), desenvolveu
uma espécie de historicismo fantástico; e ainda publicou um título no campo da
literatura infanto-juvenil, “A Maior Flor do Mundo” (2001), em parceria com o
ilustrador João Caetano, que recebeu o Prêmio Nacional de Ilustração. José Saramago pertenceu à primeira
Direção da Associação Portuguesa de Escritores. Foi presidente da Assembleia
Geral da Sociedade Portuguesa de Autores, entre 1985 e 1994. Em consequência das atribuições do Prêmio Nobel, a partir de
1998, conheceu todos os continentes, fez conferências, reuniões e congressos, de
caráter literário, social ou político, e, cumpriu ações reivindicativas da
Declaração dos Direitos Humanos. Constituiu a Fundação José Saramago em 29 de junho de
2007, para
a defesa e difusão da Declaração Universal dos Direitos Humanos e dos problemas do meio
ambiente. Em 2012 a fundação abriu as suas portas ao público na Casa dos Bicos em Lisboa, sendo presidida por Pilar de Rio, sua esposa desde
1988. Diversas frases suas,
ficaram famosas: "Gostar é provavelmente a melhor maneira de ter, ter deve
ser a pior maneira de gostar"; "Não tenhamos pressa, mas não percamos
tempo"; "Se tens um coração de ferro, bom proveito. O meu, fizeram-no
de carne, e sangra todo dia."; "Fisicamente, habitamos um espaço,
mas, sentimentalmente, somos habitados por uma memória"; "O espelho e
os sonhos são coisas semelhantes, é como a imagem do homem diante de si próprio";
"Mesmo que a rota da minha vida me conduza a uma estrela, nem por isso fui
dispensado de percorrer os caminhos do mundo"; "A única maneira de
liquidar o dragão é cortar-lhe a cabeça, aparar-lhe as unhas não serve de nada”;
“Se podes olhar, vê; Se podes ver, repara”, (ensaio da cegueira, que em 2008, seu livro
foi transformado em filme, pelo diretor brasileiro Fernando Meirelles e como
protagonistas atriz Julianne Moore e o
ator Mark Ruffalo no elenco); “ E se as histórias para crianças passassem a ser
leitura obrigatória dos adultos? Seriam eles capazes de aprender realmente o
que há tanto tem têm andado a ensinar?” Sua crítica afiada e a descrição minuciosa estão entre as
características de sua obra. A pontuação não é convencional. Os pontos finais
aparecem ao fim dos parágrafos, que podem ser longos e os travessões foram
excluídos. A interpretação da fala dos personagens é, muitas vezes, confundida
com a auto reflexão, e mesclou personagens reais com fictícios, exemplos de Memorial do
Convento (1982) e a Viagem do Elefante (2008). José Saramago era comunista declarado e o pensamento é evidenciado
em sua obra, mas, dizia que não escrevia para servir à ideologia ou ao ativismo
político, tanto que fez duras críticas ao regime Cubano, por prender
dissidentes políticos. Também fazia duras e ácidas críticas à igreja católica e
seus dogmas, tanto que no romance O Evangelho Segundo Jesus Cristo, lançado em
1991, foi censurado pelo governo de Portugal que o considerou ofensivo aos
católicos. No romance, mostra que Jesus é filho de José e não de Deus. No
lançamento do romance “Caim” em 2009, José Saramago, afirmou que a Bíblia era “um
manual de maus costumes e um catálogo do que há de pior na natureza humana”. O
escritor morreu em 18 de junho de 2010, morreu em uma sexta-feira aos 87 anos, na
presença da terceira esposa, a jornalista espanhola Pilar Del Rio, que fazia a tradução de seus livros para
o espanhol, e da família, em sua
casa, em Lanzarote, nas Ilhas Canárias (Espanha), vítima de falência múltipla
dos órgãos, após longo tratamento da leucemia, deixando uma obra cujo realismo
mágico se misturava à crítica política e à simpatia pelos oprimidos.
Prêmios recebidos:
Comendador da Ordem Militar de Santiago de Espada (1985), Cavaleiro da Ordem das Artes e das Letras Francesas (1991), Prêmio Camões (1995), Prêmio Nobel de Literatura (1998), Doutor Honoris Causa (1999), pela Universidade de Nottinghan, na
Inglaterra, Doutor Honoris Causa (2004), pela Universidade de Coimbra.
Suas obras:
Terra do Pecado, 1947
Os Poemas Possíveis, 1966
Provavelmente Alegria, 1970
Deste Mundo e do Outro, 1971
A bagagem do Viajante, 1973
O Ano de 1993, 1975
Os Apontamentos, 1976
Manual de Pintura e Caligrafia, 1977
Objeto Quase, 1978 (conto esse que viria dar nome ao filme Embargo,
uma produção portuguesa em co-produção com o Brasil e Espanha)
Poética dos Cinco Sentidos, 1979
A Noite (1979)
Levantado do Chão (1980)
Viagem a Portugal, (1981)
Memorial do Convento, 1982
O Ano da Morte de Ricardo Reis, 1984
A Jangada de Pedra, 1986
A Segunda Vida de Francisco de Assis, 1987
História do Cerco de Lisboa, 1989
O Evangelho Segundo Jesus Cristo, 1991
A Caverna, 2000
O Homem Duplicado, 2002 (Adaptado
para o cinema em 2014 direção de Denis Villeneuve e ator principal Jake Gyllenhaal)
Memórias, 2006
O Caderno, 2009
Caim, 2009
Muito bom!!
ResponderExcluirSaramago,um dos favoritos.