A necessidade de comunicação, vem desde os primórdios. O homem gravava desenhos nas paredes das cavernas, depois
em placas de barro, até que os egípcios utilizaram o papiro para escrever. Na Roma
antiga, surgira o alfabeto com apenas as letras maiúsculas, mas já usavam o pergaminho, hastes
de bambu e penas de aves, para a escrita. No século VIII o monge inglês
Alcuíno a pedido do Rei Carlos Magno introduziu as letras minúsculas. Em 1522 o
italiano Lodovico Arrighi, criou o caderno de caligrafia, e surgiu o estilo
itálico. Então os gregos, representando consoantes e vogais, e as letras uma ao
lado das outras, compondo as sílabas, gerou o verdadeiro alfabeto. Assim a
escrita evoluiu, pela necessidade de comunicação em sociedades e relações
humanas, chegando até os nossos dias. Se outrora, os casos contados, foi passando
de geração a geração, imaginemos, como alguns dos autores, com deficiência de
visão, teriam escrito sem ver, diferente de compor sem escutar.Ainda sem a escrita “braille”,
utilizada a princípio como código militar chamado “escrita noturna”, em 1819
pelo exército francês, para que os soldados pudessem se comunicar à noite sem
falar ou usar velas, e que o estudante francês Louis Braille, aos 15 anos de
idade desenvolveu para o alfabeto braile, proporcionando
condições da leitura e da escrita para os
deficientes da visão. Na literatura temos um número de autores que não se
deixaram vencer por tal deficiência. Vejamos alguns:
Homero
Se você já leu os poemas épicos Ilíada e Odisseia, talvez
não saiba, que sequer sabemos o século do
nascimento de Homero, que à época da Guerra de Tróia, pois, na Ilíada, descreve
com detalhes. Há quem duvide, até de sua existência. E como saber se era cego? Há
um detalhe: Homero, deriva de “homerus”, que significa “refém”, muitas vezes, sinônimo de “cego” em grego, e há documentos se referindo a Homero, como
“bardo cego”, ou seja “aquele que guia os que não veem”, mais não fosse, as esculturas
dão a ideia de parecer, ser de um cego. Sendo ou não, fica o exemplo de autor
que dependia de outrem para escrever.
Luís de Camões
A percepção da profundidade é mais prejudicada pela
falta de um olho, que se perfeita fosse. Luís de Camões, perdeu um dos olhos em
um campo de batalha na África, e continuou a escrever “Os Lusíadas”, e há uma
história, de que ele naufragou em uma jornada, e que os únicos sobreviventes do
desastre foram o poeta e o manuscrito de sua obra-prima. Em vida, sua obra não
teve o devido reconhecimento, que depois de sua morte ganharia o mundo.
John Milton
John Milton, poeta inglês, consagrado por escrever
em “versos brancos”(possuem métrica, mas não rimam), foi preso durante o curto
período republicano da Inglaterra, e na prisão, ficou cego, vítima de glaucoma,
e ditou o épico “O Paraíso Perdido”, onde conta a história da criação de Adão e
Eva, a queda de Lúcifer e a sua expulsão do paraíso, tendo publicado
posteriormente uma sequência do poema:
“O Paraíso Recuperado”, que conta a história de Jesus
James Joyce
James Joyce, escritor irlandês, conhecido como o
maior escritor que todos fingem que já leram. Entre suas obras mais famosas
estão: “Dublinenses”, “Ulisses” e “Finnegans Wake”, sendo o último a sua obra
mais experimental. Durante sua vida, teve sérios problemas nos olhos submetendo-se
a diversas cirurgias, mas jamais recuperou totalmente sua visão, e as provas
gráficas eram aumentadas para que ele as revisasse, tendo que contar com a
ajuda de assistentes que escreviam o que ele ditava
Aldous Huxley,
Uma queratite pontuada, aos 17 anos,
acabou por não se alistar, o que o salvou da guerra, Se formou professor na
universidade de Oxford. Com os tratamentos sua visão melhorou e aos 20 anos,
com lentes de aumento para ler, publicou seu primeiro livro “Admirável Mundo
Novo”.
Jorge Luis Borges
Um dos grandes romancistas e ensaístas argentinos
do século XX, sofreu com uma cegueira hereditária que o deixou completamente
cego aos 56 anos, mas, continuou produzindo. Ironizava sua própria limitação. Nunca
aprendeu Braille, e sua mãe foi sua assistente pessoal até ela morrer em
1975. Depois da morte dela, passou a viajar pelo mundo na companhia da
secretária com a qual se casaria em 1986. Poucos meses depois ele faleceu.
Belíssimo artigo!!
ResponderExcluirAlém da visão,perfeito!